Vou reproduzir aqui um artigo interessante sobre as TVs na internet e seu futuro. Algumas pessoas não acreditam nessa evolução. Penso diferente e acredito nesse novo meio de informar a sociedade.
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TVs na internet criam associação e exigem seus direitos
Antonio Brasil (*)
As TVs tradicionais, abertas ou por assinatura, enfrentam sérios problemas. O modelo está desgastado e decadente. A qualidade da programação cai, a audiência diminui e a competição aumenta. Dados recentes divulgados pelo Instituo Datanexus mostram que cada vez mais a Internet está tomando o lugar da televisão no Brasil. O aparelho de TV se transforma em uma velha máquina que só utilizamos quando queremos “emburrecer”.
Segundo pesquisa divulgada pela Forrester Research, “os internautas norte-americanos que tem conexão de banda larga em suas casas, assistem, semanalmente, duas horas a menos de televisão do que aqueles desconectados”.
Mas como todo meio hegemônico, a TV tradicional faz de tudo para manter a liderança. No passado recente, foram as promessas não cumpridas das TVs por assinatura. Agora, tentam adiar o fim inevitável com um modelo de TV digital que já nasce velho.
O futuro do meio televisivo se dirige para a convergência de todas as mídias na Internet. Por enquanto, chamamos esses veículos experimentais de TVs na Internet, WebTV ou IPTVs (TVs baseadas no protocolo da Internet). Mas no futuro próximo, essas emissoras sequer lembrarão as TVs como a conhecemos. Essas novas mídias devem se tornar grandes portais, super sites ou algo ainda completamente inimaginável para os pesquisadores do meio.
ABRAWEBTV
A cada dia, surgem milhares de novas TVs na Internet em diversas partes do mundo. Aqui no Brasil, foram criadas centenas de novas emissoras nos últimos anos. O meio se consolida, principalmente no mundo corporativo, emprega muitos profissionais e apresenta resultados expressivos. Dados recentes indicam 60 milhões de visitas por mês para as TVs na rede.
Mas apesar do grande sucesso, essas novas emissoras também enfrentam dificuldades. Além dos problemas comuns às novas mídias, as TVs na Internet são prejudicadas por uma legislação atualizada e pelo poder político e econômico das TVs tradicionais. A luta entre as velhas capitanias hereditárias televisivas e as novas emissoras da rede só está começando.
Esta semana foi anunciada a criação da Associação Brasileira de WebTVs, a ABRAWEBTV. A iniciativa é do nosso colega Aldo Luchetti, diretor da ALLTV (ver aqui www.alltv.com.br), um dos pioneiros do meio no Brasil.
No ar ao vivo desde 2002 a AllTV se transformou em um laboratório de novos conteúdos, linguagens e formatos tanto para a programação televisiva como para os telejornais. O premio Esso de telejornalismo de 2005 reafirmou o sucesso do novo meio. Além da AllTV, participam da ABRAWEBTV a Climatempo TV, Multidirector, Super 8 e a TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira na Internet.
Objetivos e conteúdo
Agora, Luchetti quer organizar as TVs na rede para garantir seus direitos e enfrentar o poder de associações tradicionais como a ABERT, a associação brasileira de emissoras de rádio e televisão e a ABTA, representante das TVs por assinatura.
O estatuto da nova entidade está em fase de elaboração e já indica objetivos importantes a destacar:
- Defender os direitos, prerrogativas e garantias legais da difusão de sinais televisivos através de IP (Internet Protocol), visando ao seu incremento e ao seu desenvolvimento, sempre sob a ótica da liberdade de informação, da livre iniciativa e da democracia.
- Promover a defesa dos interesses de seus associados, do consumidor em geral ou de outros interesses difusos ou coletivos relacionados ao setor de atuação da associação.
- Examinar as portarias, ordens, normas de serviços, e diretrizes das autoridades reguladoras do setor, adotando, em relação às mesmas, as medidas, judiciais ou administrativas, que reputarem adequadas.
- Desenvolver atividades educativas, sociais e culturais.
Mais democrática
Além de se organizarem, as televisões na Internet precisam se dedicar a aprimorar um conteúdo diferenciado, específico para o meio. O objetivo é oferecer ao publico aquilo que a TV tradicional (aberta ou segmentada) não oferece. As pessoas querem ver na rede o que não conseguem ou não lhes é permitido ver na TV. É preciso pensar e refletir sobre esse novo meio.
Para isso, a ABRAWEBTV o pretende organizar em breve o primeiro congresso brasileiro de TVs na Internet com o apoio do Instituto de Estudos de TV do jornalista Nelson Hoineff.
O futuro das emissoras na Internet é promissor. O maior desafio, no entanto, é evitar cometer os mesmos erros das TVs tradicionais. Há muitos anos, elas também prometeram muito e cumpriram pouco.
Hoje, além de lutar por seus direitos, as novas TVs na Internet têm a obrigação de fazer uma televisão se não melhor, pelo menos mais democrática.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar "Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica" e "O Poder das Imagens". É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.
Um comentário:
Parabéns pelo comentário, muito inteligente e real.Aqui no litoral já temos uma tvonline, trata-se da tvoficial.net que vem prestando um grande serviço para toda a região suplindo assim uma deficiência principalmente de tempo nas tvs regionais para divulgação dos fatos.
A tv da internet sem dúvida nenhuma é o futuro se tornando realidade. Um abraço.
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